04/12/2017

RESENHA: ALL IS NOT FORGOTTEN - WENDY WALKER


Tudo parece perfeito na pequena Fairview, em Connecticut, até a noite em que a adolescente Jenny Kramer é violentada durante uma festa. Nas horas posteriores, ela é medicada com uma droga controversa para que as memórias da violência sejam apagadas. Mas, nas semanas que se seguem, enquanto se cura das dores físicas, Jenny percebe que guardou nuances daquela noite. O pai, obcecado por sua incapacidade de descobrir quem abusou de sua filha, busca justiça, enquanto a mãe tenta fazer de conta de que o crime não abalou seu mundo cuidadosamente construído. Segredos da família e do círculo próximo começam a vir à tona durante a busca incessante pelo monstro que invadiu a comunidade – ou que talvez sempre tenha estado lá –, guiando este thriller psicológico para um fim chocante e inesperado.

Título: All is not forgotten (nem tudo será esquecido) 
Autor: Wendy Walker 
Editora: St. Martin's Press 
Numero de páginas: 305
Ano de publicação: 2013
Avaliação: ★ ★ ★ ★ ★
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Quero iniciar essa resenha dizendo que realizei a leitura em inglês, e por não ter em mãos a versão traduzia pela editora as citações permanecerão na língua original. Fora isso, falarei do livro normalmente como se o tivesse lido em português mesmo. Já que, no fim, a história é a mesma e você que está lendo essa resenha muito provavelmente o leu ou lerá na edição traduzida.
Essa foi aquela leitura que me surpreendeu em muitos aspectos, positivamente. Desde sua cronologia, narrativa, assuntos abordados e seu desenvolvimento em si.
Se você leu a sinopse, provavelmente vai esperar uma trama narrada pela protagonista ou até mesmo por um detetive ou policial, já que estamos falando de um thriller. Porém, ao iniciar a leitura me surpreendi ao me deparar com uma narrativa aparentemente em terceira pessoa e, mais adiante, perceber que a voz narrativa pertencia a Alan, psiquiatra da Jenny. É ele quem descreve os acontecimentos desde o início, entretanto não da maneira que ocorre na maioria dos livros. Diferente de livros do gênero, este não possui um clima sombrio e de tensão. Isso se deve a forma como a história nos é contada: ao invés de sabermos dos acontecimentos conforme eles ocorrem, eles são relatados um tempo depois do caso ter sido enfim solucionado. Ficou confuso? Vou explicar. Acontece que tudo o que estamos prestes a ler, já aconteceu. Portanto acompanhamos a história como se a estivéssemos ouvindo de alguém. Desta forma, algumas informações julgadas como desnecessárias são deixadas de lado pelo narrador, o que trás um ar meio informal ao relato.
Algo que, no início, me causou certo estranhamento na trama foi a forma como a mesma é recontada. Intercalando presente com passado, os relatos do médico podem ser um pouco confusos, já que em uma mesma página ele pode te contar um acontecimento de meses atrás e em seguida mudar para o tempo presente ou te dar um leve spoiler do que ele te contará a seguir. Mas, na grande maioria das vezes, a autora soube trabalhar essa mudança muito bem, de modo que tudo se conectasse e a troca não ficasse tão confusa. Mas admito que algumas poucas vezes esse costume me causou certa frustração, pois queria saber o que aconteceria em seguida sem interrupções.

              “But you would not understand anything that happened without knowing about Jenny’s therapy.        
               And for that we must start again with […]”        página 131

Fazendo jus à profissão do narrador, a trama é rica em análises e explicações científicas sobre o funcionamento da mente humana em diversos aspectos. Seja sobre comportamento, armazenamento de memória, transtornos mentais, o personagem fala desses assuntos com bastante propriedade. O que, para mim, foi extremamente interessante e deu um tom mais profissional à obra. 
Em "Nem tudo será esquecido" a autora trabalha bastante as questões individuais de cada personagem. Já que a quantidade de personagens que possuem um destaque na trama vai além da Jenny, esses também tem seu espaço para serem mais explorados. Tanto que, as vezes, a própria protagonista parece ficar em segundo plano. Por isso, a investigação do caso não ganha muito destaque, apesar de ser mencionado ao longo da história. 
Ao longo da trama, não fui capaz de criar especulações e teorias sobre quem seria o culpado, já que a própria autora não nos da muito no que pensar. E conforme me aproximada do final, em meio a tantas revelações que iam sendo feitas, mas intrigada ficava em descobrir o plot twist que Wendy Walker estaria preparando. E quando ele finalmente chegou, me vi completamente surpreendida, não só com a revelação, mas com toda a explicação dada. A autora conseguiu amarrar tudo aquilo muito bem, e manipular a condução do enredo de maneira brilhante. Finalizando sua obra de maneira brilhante e garantindo sua posição entre as minhas melhores leituras de 2017.

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